Quase um ano depois de o país ter vivido o primeiro confinamento, em resultado do surgimento do novo Coronavírus, eis que nos encontramos novamente confinados. Depois de alguns meses de aparente regresso à normalidade, o retalho voltou a sentir os efeitos nocivos deste difícil contexto mundial. Primeiro com as limitações introduzidas ao fim de semana e agora com restrições que, em parte importante do comércio, são totais.
Em média, o comércio a retalho está a ter perdas na ordem dos 23%, em relação a 2019, sendo as regiões do Algarve e do Minho com maior número de negócios com perdas – Estudo Sage*
É neste contexto que o comércio eletrónico volta, assim, a ser a alternativa para muitos negócios, obrigados a reforçar a presença neste canal de distribuição ou a experimentá-lo pela primeira vez. O e-commerce deixou, mais uma vez, de ser apenas uma alternativa de conveniência para passar a ser também uma necessidade. Ainda que, como se percebeu rapidamente após o início da pandemia, o aumento do recurso ao comércio eletrónico tenha vindo para ficar.
Dito isto, o modo como vão evoluir, em concreto, tanto o e-commerce, como as vendas presenciais, é ainda uma incógnita para 2021. Se a tendência de maior recurso ao comércio eletrónico permanecerá a longo prazo, também as compras nas lojas físicas vão voltar a subir após a pandemia. Para alguns negócios, o online pode tornar-se no principal canal de distribuição, mas, para outros, o espaço físico é insubstituível enquanto via primordial de vendas.
45% das PME do setor do comércio a retalho não tem presença online do seu negócio – Estudo Sage*.
Estudo Sage: Perspetivas de crescimento através da digitalização
Saiba de que forma a tecnologia e a transformação digital podem contribuir para a recuperação e crescimento do setor do comércio a retalho.
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Mais um ano de incerteza
Quanto tempo vai durar este novo confinamento, quando é que a pandemia estará controlada, como vai evoluir o processo de vacinação, qual será exatamente a dimensão e os contornos do impacto económico ou quais serão as consequências sociais são ainda enormes pontos de interrogação. E deles depende, em grande medida, aquele que será o comportamento dos consumidores durante o ano. O que gastam e como gastam vai ter impacto direto, claro está, nas vendas das empresas. Sendo certo que, como sempre acontece em tempos de crise, a poupança tende a crescer em alguma medida, em resposta a um menor consumo.
Um dos grandes desafios para o retalho e para o comércio eletrónico é, portanto, a incerteza quanto ao futuro. A esta instabilidade junta-se a derivada de uma indústria que está em constante mutação, em parte fruto dos avanços tecnológicos que se vão sucedendo a grande velocidade.
Com ou sem confinamento, a agilidade e a inovação são palavras de ordem. Tendo, no entanto, presente que há que resistir a uma certa reatividade excessiva e desestruturada que faça perder de vista o rumo estratégico definido por um dado negócio em particular.
Uma em cada quatro PME do setor do retalho escolhe o investimento em software para acelerar a sua transformação digital, como prioritário – Estudo Sage*
Concorrência mais apertada
A pandemia e, em concreto, medidas como o confinamento ou mesmo a limitação de circulação dos cidadãos que já vinha a acontecer no último trimestre de 2020, aumenta o número de agentes que competem numa mesma plataforma, a do comércio eletrónico. Isto num contexto em que não se antecipa taxas de crescimento do e-commerce tão elevadas como as registadas no ano passado. A base de que se parte é, agora, mais elevada.
Depois, praticamente todos os dias surgem novas tendências, hábitos de consumo que mudam e concorrentes que surgem com novas estratégias. O caminho para ganhar mercado e permanecer em atividade é, também por isso, mais árduo.
Para 10% das PME do setor de comércio a retalho, o negócio online representa mais de metade do volume de vendas – Estudo Sage*
O confinamento tem também efeitos no tipo de produtos que os consumidores compram, aumentando a competitividade nos negócios mais prejudicados. Exemplo disso são os negócios de vestuário e acessórios. Com tantas pessoas a trabalhar em casa, a necessidade e vontade de comprar roupa nova caiu bastante. Por oposição, a compra de comida e bebida tem crescido. A dimensão deste efeito dependerá em boa parte das medidas que forem sendo tomadas em resposta à evolução da pandemia. E a permanência, no tempo, destas alterações de padrões de consumo é, por isso, difícil de prever.
A qualidade como arma
Com ou sem confinamento, algumas máximas terão de estar sempre presentes no comércio eletrónico. Os consumidores estão cada vez mais exigentes e, por isso, menos compreensivos face a falhas. Quer seja no apoio ao cliente, na entrega das encomendas, nas políticas de devolução ou na adequação entre a expectativa criada na compra online e a qualidade do produto que chega efetivamente a casa do cliente. Ter em atenção a evolução das tendências do mercado e as movimentações da concorrência, ser transparente e ter preocupações ambientais e éticas também é fundamental. Assim como apostar em proporcionar aos clientes novas experiências na navegação online ou garantir uma continuidade na política de vendas entre os diferentes canais.
Com ou sem pandemia, trabalhar bem e com qualidade é sempre a melhor garantia da boa saúde de um negócio.
Construir um negócio virtual
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*Estudo Sage: Este inquérito foi realizado pela Sage, em Portugal, entre os dias 17 e 23 de janeiro, de forma eletrónica, tendo obtido 287 respostas. O estudo apresenta uma margem de erro de 5,7% para um intervalo de confiança de 95.